sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Palavras dos idealizadores

O Município de Cataguazes


O livro que ora entregamos à publicidade, é uma expressão do nosso muito amor à terra natal, e outro merecimento quiçá não tenha que o de pôr em relevo esse sentimento. Simultaneamente, e sem descabidas aspirações de glórias ou de renome, que não nos tentam, aí deixamos assinalados os traços do desenvolvimento estrutural, administrativo, econômico, social e financeiro do município, e o esboço biográfico de algumas individualidades que mais notavelmente se distinguiram na tarefa de criar, desenvolver e manter esse belo organismo que é hoje o município de Cataguazes.
Há aí muitos exemplos a seguir, em que se traduz o verdadeiro patriotismo, a dedicação desinteressada e profícua confirmando uma lei científica de Bragehot, segundo a qual é o esforço contínuo do começo que produz a acumulação da energia do fim; é o trabalho da primeira geração que se torna a aptidão transmitida da segunda.
Trabalho feito au jour le jour, no meio das atribuições de uma vida afanosa, sem preocupação de estilo e sem, mesmo, tempo para limar e brunir, entregando a tipografia as paginas manuscritas à proporção que iam sendo rascunhadas, este ESBOÇO naturalmente não aspita às honras de um trabalho crítico, ou ainda de crônica coordenada; é tão somente um registro, um repositória, a que especialmente procuramos imprimir o cunho insofismável da fidelidade.
Bem é de ver que tivemos de enfrentar e superar obstáculos de toda a espécie, oriundos, por um lado, de nossa própria incompetência, e por outro e mormente, da dificuldade real em colher, coligir e coordenar os dados estatísticos, que constituem os quadros anexos.
Eis aí um serviço que as municipalidades deveriam organizar metodicamente, e que, entretanto, não existe em nenhum município; não nos parece que seja tarefa difícil, desde que fosse metódica e seguida.
Este aspecto do ESBOÇO será também o mais interessante, na falta de outro atrativo, embora todo o nosso esforço tendesse sob o estigma de enfadonhos.
Não imploramos benevolência, porque quem se arrisca aos azares da publicidade, aliena ipso facto direito de invocá-la; mas, esperamos que nos rendam a justiça, comum e ordinária, que se concede nos que trabalham pelo bem e pelo bom nome de sua terra.

Janeiro de 1906.
Junho de 1908

Astolpho Vieira de Rezende
Arthur Vieira de Rezende e Silva

Nenhum comentário: